Meu peito está cheio de gratidão

Larissa Vitoriano
2 min readJan 26, 2021

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Regresso à minha querida cidade depois de quase dois anos longe

Foram quase dois anos, especificamente 1 ano e dez meses. Nunca havia ficado tanto tempo longe de casa, da minha cidade, da família, dos queridos amigos.

Foi uma transformação total e de uma vez só: de país, de cidade, sair da casa dos pais, mudar de profissão. A minha vida, rotina e todas as definições que eu tinha sobre mim mesma foram modificadas.

Os três primeiros meses foram enlouquecedores, mas ainda havia a lua-de-mel sobre tudo ser novo. Os seis meses os mais difíceis. O primeiro ano um alívio. Depois os olhos já estão acostumados e transitar pelo Porto já era no modo automático. Apanhar o metro, comer uma francesinha às sextas. Os cenários das grandes casas, o milharal e as estações do ano bem definidas. O sotaque típico do norte: palavrões, espontaneidade, afeto.

Entretanto, dia após dia, uma das minhas maiores aflições, era tornar-me estrangeira nos dois países. Sabia que se permanecesse tanto tempo distante sem regressar a São Paulo, eu não reconheceria mais os cenários tão frequentados por mim.

O processo de volta foi rápido e objetivo. Pedi demissão do trabalho, organizei as questões burocráticas na universidade. Ao invés de despedidas, ofereci um “até logo”. Não pude dar longos abraços e beijinhos, pois o amor nos tempos da covid-19 não permitem.

Deixei para trás toda e qualquer roupa de inverno. Não fazia sentido trazê-las ao Brasil. Cobertores, lençóis felpudos, pantufas e golas. Só organizei meus livros, meia dúzia de garrafas de vinhos oferecidas pelos amáveis familiares, alguns potes de azeitonas e tremoços. Ah, e meus cremes de lavanda! Meia dúzia de t-shirts e meus eletrônicos.

Juntei tudo, apanhei o metro e desci no aeroporto Sá Carneiro. Era uma quinta-feira ensolarada, fazia calor com as típicas nortadas. De máscara, álcool em gel e tranquilidade, fiz uma escala em Lisboa. Depois, voo direto para São Paulo.

Assisti dois filmes portugueses, vi vídeos, jantei. Quando percebi, já havia cruzado o oceano que separa os dois continentes. São Paulo estava próxima. Ao descer do avião pela manhã e sentir o bafo quente no meu rosto, comecei a chorar. As lágrimas escorreram na minha face: eu, finalmente, estava em casa.

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Larissa Vitoriano

Developer Relations do tipo contadora de histórias, nerd, techlover e que ama as coisas simples da vida 💫#maismeninasnatecnologia larissavitoriano.com